sábado, 17 de outubro de 2015

Performance Morfeu

No dia 12 de agosto de 2015, a terceira turma de artes cênicas da universidade de Vila Velha fez uma performance no campus de ‘Boa Vista’ atividade essa proposta pela disciplina de direção, do quarto período. Onde os próprios alunos desenvolveram as propostas de performance a serem realizadas, na qual surgiu em acordo coletivo (Morfeu).
A proposta é que fossem distribuídos colchonetes pelos corredores da universidade, onde em cada um dessas ações diversificadas acontecesse, na qual representaria ações que são realizadas na cama; as escolhas das ações correram de forma livre, o grupo foi sugerindo ações de forma aleatórias.
O teatro ou podemos dizer a artes de forma geral, sempre foi utilizada como um instrumento de critica, a si mesmo e ao meio; até mesmo aos seus padrões e estéticas estabelecidas; apesar da performance ter liberdade em seu conceito, e criação quando nos referimos a objetivos, ou interesse; acredito que ela é uma forte forma interlocutora de informações e problemáticas levando o publico a uma reflexão e desdobramento pensativo, trazendo à um ambiente inusitado, repercutir e reverbera um pensamento proposto. Com isso acredito na necessidade de que o ato performático seja consciente para o artista, na qual ele saiba o seu tripé de apoio cênico, inspirando-me na construção de regra de jogo de SPOLIN. Viola; aonde o artista vai para a performance sabendo (QUE? ONDE? O QUE?) não como objetivo de construção de um personagem, mas sim como apoio de sustentação de ação performática, e levantamento do pensar critico da ação.
Baseado em minha concepção do fazer performance, elaborei minha proposta com um objetivo critico social, e chamei uma colega de cena para efetuarmos juntos a performance; nossa localização foi bem na portaria principal da universidade onde nos alojamos.
A ação se tratava em um casal deitado sobre o mesmo colchonete, onde o homem se masturba e fazia ações sexuais por de baixo dos lençóis, a mulher com uma roupa intima, passa tinta vermelha sobre seu corpo e na perda o homem, além estar vulnerável as ações propostas pelo o mesmo.
Por ser tratar de uma ação sexual senti um peso na ação, peso esse refletido sobre o choque de reação do publico, a ação o correu no horário de saída da universidade onde o fluxo de pessoas e intenso, e por ordem de percurso, a cena erra ultima a ser contemplada pelo publico, não tive acesso visual as outras ações, mas erra notória a troca de expressão quando o publico chegava até a ação mencionada; essa percepção da troca expressiva do publico, fez-me questionar o envolvimento do publico na ação; essa alteração consiste pela imagem sexual atribuída? ou pelo tabu que é a imagem sexual? Ou a polaridade da ação comparada com os outros?
Sobre a polaridade das ações, minha cena tinha um aspecto suave ao mesmo tempo bruto, polarizando as demais ações, podendo gerar estranhamento do contexto geral, fator esse que pode ter contribuído com a não compreensão de performance em sua totalidade. Mas a polaridade está presente em toda estrutura  cênica, até mesmo em sua mascaras na qual a representa (artes cênicas) contem a polaridade expressa, a comedia e o drama, polaridade também presente em toda  construção dramatúrgica, entre personagens, entre atos, dentro do roteiro, do começo ao fim; a polaridade está presente em todas articulações cênicas, chegando a ser fator de importância;  trazendo assim, a polaridade que minha cena emprega ao contexto geral da performance, contribui para promover uma dinamismo melhor e um contraponto de ação, aproximando e mantendo a atenção do publico, trazendo para a perfumasse uma não linearidade.
  Essa atenção do publico e esse olhar traz muitas informações, à performance; minha ação física erra masturbar por de baixo lençol, mas esse movimento que estava realizando erra artificial, não estava realizando com veracidade, isso nos faz refletir isso é performance ou cena? Pois se a performance e a  ação propriamente dita, o que eu estava executando  erra uma cena na qual nitidamente não mostrava verossimilhança; isso foi notório para o publico também, quando percebi que se afastavam pela percepção de algo falso, percebi a necessidade de abandonar a ação, e interagir com minha parceira de cena, buscando uma ação real e concreta e verossímil, comecei a dialogar com ela. Para isso é necessário uma sensibilidade de percepção, da resposta do seu publico, de como isso está afetando, se o seu objetivo está sendo realizado.
Em busca desse lugar real, tive que me entregar a um fragmento cênico com texto e expressões que me conectava com minha parceira, na qual foi gentil em atender minhas ações, meu ato de improvisar com ela, partia-se também de uma performance, pois estava lidando com o inseguro, por não saber sua reação, se ela ia atender as vontade que meu objeto interno puncionava, então as falas externas que saiam de um improviso, serviam como um combustível da busca por um sentimento real,   como se algo fictício crise um sentimento real, uma apropriação de algo que é meu para algo que não sou eu, Gerando modificações concretas na forma de expressão e ação, chegando ao ponto do real, criando uma bolha térmica onde consegue segurar a temperatura da motivação sem ser desestimulado pelo ambiente externo, mas não o ignorando, mas sim o filtrando para saber os pontos precisos, de modificações; dilatando o estranhamento do publico, gerando mais polaridade e poder de fixação do olhar do publico.
Para H.R. Rookmaaker, A arte não precisa de justificativas, ela ocorre através da ação, pelo simples fato do processo que ocorre entre o querer, e o fazer; assim posso colocar que o simplesmente querer quebrar o cotidiano de um espaço já é um ato performativo; mas se por levantar um conceito ou uma cena que me leve a peformar, estou infringindo o conceito ou a essência dessa linguagem? Creio que não pois a minha ação não se consiste em uma cena; pois ela não tem uma estrutura dramática de começo meio e fim, na qual se enquadra uma cena, mas sim um fragmento de uma ação cênica em formato de loop, onde o repetir físico ou narrativo provoca uma concentração e envolvimento no objeto de ação, ao ponto de se desligar do ambiente externo e entra em uma verdade sentimental e de sensações com sua performance, e me questiono sobre ser um artifício de fuga do real, da reação das pessoas? Pode até ser, mas a ação de resposta que o público emprega é tão forte ao ponto de mesmo distanciado do público suas reações afeta e transforma a performance, ou para mais ou para menos.
Em uma performance onde o artista deixa seu corpo exposto como parte da arte, e se permite ser sujeito a ação do público, o ato performático está no tempo real do agora, do que provoca alguém a interagir, ou o que acontece no decorrer da interação, mas quando a performance e expositiva, onde o público é voyeur da situação, ie necessário um envolvimento reação com o momento e como que se faz. Nisso me sustento em acreditar que uma performance deve ter suas bases internas, que sirva-se de processo a alcançar uma veracidade da ação, trazendo mais estranheza ao público,  onde ele não se afete por não acreditar na ação, mas sim que ela transpasse o público gerando argumentações, críticas e especulações, para que se propague como ondas atingindo outros níveis de discussões.
Assim como um grupo de Jovens que postou em uma rede social, a estranheza que foi assistir as performances, a princípio os comentários que se propuseram foram superficiais, e preconceituosos, mas ao decorre dos comentários, muitos questionaram o porquê de que foi feito, até que em momento o mesmo que mostrou sua reação, comentou que o nome do que foi feito (intervenção) foi a nomenclatura usada. Isso mostra que a estranheza provocada gerou uma pesquisa e uma análise, fez um grupo problematizar.

...[Chocado com a Universidade Vila Velha - UVV, uns alunos (provavelmente de artes cênicas) encheram o prédio de direito de colchão (com um monte de gente deitada, plantando bananeira, pedindo silencio, pedindo pra dormir junto etc.) e colocaram um doido fazendo simulação de atos obcenos na escadaria principal junto com uma menina jogando sangue fictício pelo corpo dela e dele.] ...

·         Que merda é essa? dhauidhad
·        
humanas
·         Também não sei, não entendi a mensagem
·         tinha uma menina doida enfiando a cabeça dentro do colchão e ficando de 4 nessa posição sem se mexer, tipo???
·         a da mulher com o bebê eu entendi, quis falar dos moradores de rua que sofrem etc etc, mas o resto não, principalmente esse último ato na escadaria
·         RT  humanas
·         isso é zoação ne?
·         Migo, vc não ta bebado, não?
·         não amigo, tinha um menino simulando que estava fazendo aquilo com as mãos na escadaria da uvv (e ele parecia estar pelado)
·         Respeita o tcc dos caras kkkkkkk
·         Qual o tema do TCC? Thaís Rios hauhuahua


Mesmo com os discursos superficiais, e a falta de um olhar acadêmico mais apurado, onde se observa depois levanta problemáticas para distorções, acredito que ee uma forma geral o objetivo geral foi atingido, interferimos no cotidiano, levantamos novos olhares, foi acrescentado problemáticas importantes, para o conjunto social, e para o desenvolvimento do pensar academia de artes cênicas, aprofundando assim os estudos de performances, em sua totalidade de palavra, sentido e ação.

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